sábado, 25 de setembro de 2010

COMPASSOS DE ESPERA

Aproxima-se uma nova temporada: um tempo de espera e de profunda renovação interior. É o “vulgar” advento. É uma dádiva recelebrá-lo mais uma vez e uma graça do alto degustar esse dom inesgotável que recebemos indignamente das mãos de Deus. «Porém, trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que tão excelso poder se reconheça vir de Deus e não de nós» (2Cor 4,7). A nossa vida caracteriza-se por uma eterna espera: a espera do dia em que não precisaremos da luz da lâmpada nem da luz do sol mas viveremos à luz do verdadeiro sol do mundo: Cristo Jesus (Cf. Jo 8,12).
Os povos esperam um redentor, um libertador de toda espécie de cadeias que aprisionam o ser humano. Esta esperança em melhores dias e melhores tempos é constante de todos os povos, precisamente porque existe no coração de cada homem e a fome de Deus suscita-a cada vez mais. Contudo, essa esperança é obscurecida pelos conflitos sociais, pelo ódio, pelas misérias de vária ordem, pela fome, pelas catástrofes naturais, pela seca e até por expressões religiosas indignas e baixas que desesperam a própria esperança. Mas isto tudo não pode ser o impasse que destrua a nossa firme esperança no Messias que virá nascer nos nossos corações. Para podermos recebê-Lo precisamos de «endireitar os caminhos do Senhor!» (Is 40,3). Isto é, corrigir o que está mal, arrependermo-nos dos nossos pecados e procurar a todo custo os novos caminhos que nos levem ao amor incondicional de Deus.
Como disse antes, é preciso saber esperar com coração limpo e magnânime. É, todavia, entre o povo de Israel e na sua história que se encontra melhor o sentido de esperança do Messias Salvador. Deus acompanha esse povo nas suas alegrias e tragédias. Do mesmo modo, Ele acompanha-nos na nossa realidade concreta, na situação particular de cada um de nós e Ele aceita-nos assim mesmo com os nossos todos defeitos, porque “n`Ele não há acepção de pessoas, todos somos um só em Cristo Jesus” (Cf. Act 15,9) pois «n`Ele estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência» (Col 2,3).
Após a primeira revolta contra Deus e apesar de todas as muito repetidas revoltas contra Ele, a humanidade aguarda e prepara-se. Vive num autêntico advento, numa preparação-esperança. Aliás, se prestarmos atenção descobriremos que o Antigo Testamento é a “história” da preparação da humanidade para a vinda do Messias. “É um átrio a pedir o grande edifício do Novo Testamento”. É isto o que exprime o sentido do nosso advento. Actualmente, o advento não nos leva à espera como a do Messias do Antigo Testamento mas remete-nos à purificação do nosso coração para que Jesus nasça autenticamente nas nossas almas, santificando-as; «tornando-nos nova criatura e Templo do Espírito Santo» (1Cor 3,16).
Jesus quer nascer em todos nós razão porquê devemo-Lo preparar o berço afastando de nós tudo o que impede o seu nascimento em nossas almas. Todo tipo de barreira física ou espiritual, moral ou religiosa, política ou social; as angústias e terrores, os desânimos e desesperos devem ser aplanados porque Jesus nos quer livres e «foi para a liberdade que fomos chamados» (Cf. Gl 5,13).
Neste compasso de espera devemos empreender o nosso esforço na construção e mantimento desta Igreja peregrina. não só preparamo-nos para receber o Menino em nosso coração como também em nossa Igreja militante. Queremos esperar vigilantes e convencidos que «Ele virá numa hora que não sabemos» (Lc 12,46). Aqui abre-se a nossa absoluta confiança na vinda indubitável do Senhor. Que este tempo seja para todos os cristãos uma verdadeira ocasião para a renovação e purificação da nossa vida de fé.
Bem-haja para todos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A MÁSCARA DESFEITA



Na viela da vida que percorremos, a cada passo dado, deixamos um cunho. A cada sujeito que nos deparamos, revelamo-nos duma ou doutra maneira. Contamos a seguinte história:

Certo dia, um homem ousou partir para muito longe. Ao longo da viagem, foi lidando com diversas personalidades das quais foi desmembrando a sua própria personalidade. Cada indivíduo que encontrava achava melhor e o tomava como modelo da sua conduta. Em todos os lugares que ia passando descortinava novos semblantes bonitos. E quando mais quisesse identificar-se com um determinado paradigma de vida desencontrava-se a si mesmo; quando mais desejasse formar uma amizade com novas belezas mais desprezava-se a si mesmo; questionou-se e reconheceu-se que não era ele, pois já estava revestido de identidades que não o identificavam.

Novo dia surgiu e os desafios aumentaram. Ele devia ter uma bagagem académica e não tardou de ingressar-se numa escola para ser moldado. Os anos passavam e nada o penetrava inteiramente. Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava destruição. A perda de identidade e a falta de orientação o dilacerava. Mentalmente percorreu inúmeras vezes o trajecto que fazia diariamente na insegurança de sua vida. Olhava que tudo estava desolado.

Desgraçado! Terminou o seu curso. Não aprendeu devidamente os procedimentos de sua carreira. No período de aulas acompanhava a carruagem dos outros e empoleirava-se no fingimento de que acatava bem a matéria. Agora é a hora da verdade!

Chegou o tempo de praticar o que teoricamente aprendeu. Nem ao menos um pedaço de alguma coisa se lembra como se faz. Aquilo que assumia como obrigação, agora tornou-se realidade necessária. Ninguém o obriga; faz e desfaz porque ninguém o proíbe nem pelo menos ouve. Diz ser autónomo. Está cego pela dor e desespero da máscara que usou ao longo da formação. Ou então é a raiva da desgraça que o sepulta. O cómodo era bastante pequeno e nele havia uma janela que dava para o mundo.

O homem acabou as jornadas do seu percurso vital. Agora está velho. Ele lembra que o tempo já não dá mais, tardou de fazer o devia ter feito. A angústia superabundou-lhe e o desencanto acompanha a sua velhice. Cada dia era um mar infinito de frustração e em cada rosto a que fitava o olhar descobria o vazio que construiu em seu estado activo. Dia inteiro consumia um pesadelo infindo e sempre escutava: “Agora não tens tempo para nada. O que deves fazer é vencer ou morrer na lama do pecado”. Tendo sido domado pelo terror do desgosto, o homem pereceu desapontado com sua máscara desfeita.

A CRISE FINANCEIRA:

Como é do conhecimento de todos, reflectir sobre a crise financeira implica, simultaneamente, desvendar a máscara que vinha encobrindo, por longos anos, maior número de individualidades e, necessariamente, desfazer a ilusão poderosa que desvincula a nossa mentalidade de conceber os EUA como uma potência cuja hegemonia é inegável. Aliás, a sabedoria do povo e dos mais entendidos afirma: “Tudo o que tem princípio, tem também o seu fim”. Daí que, este fenómeno que estamos a registar agora pode ser a concretização dessa máxima inexorável. Isto não significa que a economia americana não seja tão avançada mas, que ela tem também os seus pontos fracos, ou mesmo, suas baixas como estamos assistir.O recurso aos preconceitos e a materialização do que imaginamos podem ser factores que nos favorecem a aquisição de êxitos na análise da nossa realidade actual. Todos devemos empreender um esforço capaz de produzir algo que supere a actual condição em que nos encontramos mergulhados. As consequências desta crise estão nas nossas posses e em cada dia sentimo-las. Como um problema crucial e complexo é necessário que haja delicadeza na tentativa de solucioná-lo; é, igualmente, importante, evitar-se os possíveis oportunismos que possam causar o défice e a degradante miséria dos míseros e paupérrimos. Que as empresas e instituições que fomentam o trabalho ao público tenham em conta uma distribuição equitativa dos bens de serviço de que possuem. Procuremos então aprender que “tudo o que sai, se não for restituído pode esgotar e, consequentemente, criar abalos desmedidos”.

AS LÁGRIMAS DE UM FILHO

Mãe,

Quando as noites perdiam rosto
Tu nos aquecias com o teu rosto
Tudo arrepiado, escorrendo de lágrimas
Dum desespero e augúrio de lástimas

Quando a madrugada vestia-se de sol
Tu te embebias com o suor duma noite cristal
Escovada por insónias e lágrimas de calor
Do teu amor maternamente desfavorecido

Quando cansada nos carregavas
Sem peso nos levavas aos teus ombros
E ao ângulo do teu colo nos envolvias
O nosso feitio, tu descrevias

Quando aflita tu choravas
Nas dores dum amanhecer diferente
Quilos de sangue tu derramavas
Percorrendo quilómetros de brando ofegante

Quando gritando sorrias de emoção
E sorridente choravas sem educação
Nuas eram as lembranças do raiar
Duma noite escondida no nosso luzir.

CAMINHAVA COM ELES

Não interessava a pobreza que os devorava
Nem a riqueza que os apoderava
Na incansável pesquisa do Evangelho
Pregavam com todo o zelo e empenho

Negavam não partilhar a mensagem que recebiam
Na margem do lago devorador
Negavam lançar as redes que traziam
Nos barcos dum cansaço desolador

Embora não tivesse casa para abrigar-se
E não tivesse comida para alimentar-se
Chamava indivíduos menos queridos
E caminhava com eles

Embora não tivesse estudado filosofia
A sua sabedoria confundia os sábios
Artífices naturais sem magia
Entanto jorrasse de toda a sofia

OS DOIS BÊBADOS


Conta-se que dois homens viviam numa zona que se avizinha com uma Ilha. Para chegar naquela Ilha era preciso atravessar um rio de barco. Ali era o centro de todo o género de orgias, de bebidas e comidas.
Certo dia, um deles disse:
- “A vida é uma enorme obscuridade. Sem o meu consentimento, eis-me instalado há já alguns anos sobre uma máquina redonda - a terra – na qual me seguro como uma mosca se segura num globo”.
Estranhamente o outro retorquiu:
- “Ainda você fala do tempo em que vive sem se aperceber! Eu fico triste porque contra o meu desejo, vejo-me obrigado a pensar que a minha vida terá um termo: penso na lei implacável à qual ninguém escapou até hoje e que me manda desaparecer sem que eu possa fixar o dia e a hora da minha partida”.
Que mistério! Admiramos ambos em simultâneo. Em seguida imaginaram: “uma vez que os dias para desaparecerem são breves como os da nossa vinda ao Mundo, vamos partir de nosso barco à outra margem para deliciarmo-nos das coisas que lá existem e de tudo que encontrarmos”. Dito e feito, chegaram na Ilha com sucesso num curto espaço de tempo. Eles foram usufruindo tudo consoante os seus bolsos recomendavam. Os excessos não tardaram. Já não eram eles, algo agia neles (Ttonttontto). Mais tarde, na madrugada, resolveram regressar à sua casa porque já transbordavam os seus tanques. Subiram ao barco e começaram a remar. Remaram até amanhecer, mas não chegaram no continente muito menos sair do lugar.
A história era um pouco trágica. O que estava ficando bom decidiu empreender mais força para que chegassem mais depressa possível. A maratona perdurava igualmente. Mais tarde pergunta ao colega:
- “Será que desataste o barco a corda que o prendia para não ser puxado pela água?” ao que o outro responde negativamente. Os dois não reconheciam que embora remassem, não deslocavam nem se quer uma milha.
Finalmente! Depois de desatarem, remaram apressadamente e pouco tempo depois viram-se em sua casa. Que alegria ter vencido um grande obstáculo. Mas o cansaço apoderava-se-lhes até a ponto de não poderem mais fazer algo forçoso senão descansar alongadamente.
Era necessário retomar a consciência: descolar o que lhes prendia e avançar!
Amigo, você também caminha atado. Liberte-se disso, a frente é o caminho.

A VOCAÇÃO HOJE

A esfera temporal e espacial, na qual estamos inseridos, problematiza tudo quanto seja a especificidade dum determinado indivíduo. Parece que o incremento vertiginoso das descobertas que o homem vai fazendo leva consigo uma enorme interferência nas nossas escolhas, melhor dito, opções vocacionais.
Neste sentido, há quem ainda afirma que não existe nos nossos dias uma actividade da qual o sujeito se submeta por sua própria inclinação. E é por isso mesmo que se diz «Queira onde for, eu irei trabalhar, pois, o importante é a mola; não interessa se você sabe ou não o que lá fazem, com o tempo, vais aprender».
Desta vez, tencionamos reflectir sobre a VOCAÇÃO HOJE. Parece um pouco ridículo, o que acima ficou epigrafado. Entretanto, trata-se dum assunto de índole genérico porque refere-se a algo que nos pertence, a algo nosso. Isto significa que todos temos uma vocação. Não interessa de que tipo. O importante é reconhecer que Deus tem um plano com muitos lugares de serviço; aí eu também tenho um lugar reservado – que é a minha própria vocação.
De antemão, é indispensável que cada um descubra que o desejo de Deus é de salvar todos os homens mediante projectos que necessitam de colaboradores. Ele criou-nos pensando a uma determinada missão que incumbe a cada um. Deste modo, chegamos a concluir que a vocação não é uma questão de gosto muito menos uma opção profissional. Pelo contrário, trata-se de servir; não é uma coisa abstracta mas um tesouro escondido dentro de mim e que me obriga a aplicar concretamente e na realidade os meus sonhos.
Não é uma tarefa fácil, pois, amiúde vemos que se manipula a nossa opção vocacional. Sendo assim, precisaríamos de desenvolver em nós uma atitude de disponibilidade madura perante o semeador que lançou em nós a sua semente. Cabe-nos a responsabilidade de deixar crescer esta semente e permitir que ela desabroche quando o tempo for tempo.
Como vemos, Deus criou-nos contando com o lugar a ocupar; o chamamento que lhe propõe: chamamento à vida, ao serviço como profissão, ao sacerdócio, à vida religiosa, ao matrimónio, etc. Tudo isto desenrola-se mediante um longo processo de avanços e retrocessos; quedas e ressurgimentos, sofrimentos e alegrias, encantos e desencantos, dúvidas e firmezas, renúncias e dores, entre várias. Não obstante, cada vocação é uma vocação particular e singular sendo, por isso, viável analisar cada caso conforme as suas particularidades, obscuridades e evidências; não há nada fácil que outra, ou difícil que não se alcance. “Tudo é possível nas mãos do Senhor” (cf. Lc 18,27).
Sem divagar bastante, não me escuso de tocar a tecla que mais gosto e que outros “odeiam” – é a vocação sacerdotal que fervilha dentro dos meus anseios. Aparenta-me ser inatingível por ser a mais que me impressiona. É uma paixão interior veiculada sem o meu desejo e consentimento. É a busca de intimidação com Jesus Cristo a fim de outorgar um perfeito sentimento ao plano de Deus. É um chamamento que se realiza “Num povo, por um povo e para um povo”. Paralelamente, é uma vocação que pressupõe e exige necessariamente, como tantas outras, uma decisão pessoal, um discernimento maduro perante os múltiplos caminhos e solicitações, sobretudo, um juízo recto sobre os sinais dos tempos. É pertinente optar por caminhos que ajudam a enriquecer o nosso ser em abertura e conquista de ser mais – escolha de algo precioso: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se, depois, perde a sua alma?” (Mt 16,20).
Não pretendo exageros, muito menos cativar a ninguém, senão dar referência a uma das vocações que se adquirem não pelo gosto, mas por mérito da graça de Deus – é Ele o artífice dos nossos pensamentos: «Antes mesmo de te modelares no ventre materno, eu te conheci ...eu te constitui profeta para as nações» (Jer 1,5). Permanece, neste caso, preponderante assumir um compromisso preterido ilegalmente para desfrutar com paciência a voz que grita silenciosamente dentro do nosso “poço”: «Quem hei-de enviar? Quem irá por nós?» Para o efeito, não há delongas nem mesmo imprecisões senão imediatez: «Eis-me aqui, envia-me a mim» (cf. Is 6,8b).
Portanto, fique bem lúcido que o primeiro dos lugares a que Deus nos concede é a existência, o chamamento à vida para ocuparmos um lugar no universo. Somente desta maneira descobrimos que o amor de Deus pelos seus é tão imenso que não cabe no universo nem mesmo desprendem-se com tendências egoístas. Num ambiente fascinante em que o mundo nos convida a cargos superiores com garantia de um Pajero e uma vida luxuosa, com uma multidão de excessos entre várias promessas, não restam dúvidas que a nossa vocação ao sacerdócio debilite-se porque quando o jovem depara-se com todo esse conjunto de condições vê-se em conflito e, se julgar de um modo temerário acabará caindo na geena insuperável.
Daqui é conveniente reflectirmos: como fazer com que eu não seja manipulado na minha vocação? Que é necessário para manter em vida a semente lançada no meu coração? Que fazer quando sentir-me confrontado com as ofertas do mundo contemporâneo?
A experiência comum mostra-nos que um acordo de notas faz uma música e é só num acordo entre as pessoas que construiremos uma sociedade sadia; é na união de ideias que faremos deste mundo uma morada favorável para Deus – um ambiente onde jorra paz; onde as diferenças harmonizam-se na igualdade.
Caríssimo, nada fazemos sem contar contigo. A tua ajuda, crítica, sugestão e colaboração engrandecem-nos. É por isso mesmo que te sugerimos este tema. Na próxima edição viremos com mais notas informativas, formativas e do teu interesse. Até lá. Que Deus abençoe as vocações do mundo inteiro e derrame o seu esplendor para todos que vagueiam em busca de ilusões e metas inatingíveis.

PARABÉNS

Pe MULUTA,

Lágrimas sólidas caem nos meus olhos
Como chuva de granizo que molha os meus sonhos.
Sinto os sentimentos que se afloram nos sentidos
Quando relembro com nostalgia os tempos idos.

Mastigo saudades amargas
Na doce melancolia que mergulha
A longevidade da vida que escolta
Esta dor benévola que comungas.

Dez, três letras moribundas
Que exprimem loucuras infindas:
Docilidade vocacional,
Esperança inquebrantável
Zelo apostólico e pastoral.

Não sei dizer nada
Neste nada que me mata
E engasga-me a garganta
Deste encanto que me encanta.

Pe Muluta, feliz aniversário
Que a sua vida seja sempre um santuário
Ecoando santidade e abnegação
Numa auto-imolação.

Bem-haja Pe Muluta!

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