terça-feira, 26 de abril de 2011

AS CRÍTICAS FEITAS AO EXISTENCIALISMO
1. Comunistas: incita as pessoas a permanecerem num quietismo de desespero, conduz as pessoas a uma filosofia contemplativa, isto é, a inacção. Conduz as pessoas a não agir.
3. Marxistas: acentua o lado mau da vida humana, exalta a solidão ou a subjectividade pura e nega a solidariedade.
3.      Cristãos católicos: nega a realidade e suprime Deus e os valores inscritos, podendo assim, cada qual fazer o que lhe apetecer e não pode condenar os pontos de vista e os actos dos outros.

O existencialismo «é uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro lado, declara que toda a verdade e toda a acção implicam um meio e uma subjectividade humana» (SARTRE, P., 1962: 175). É um optimismo, uma doutrina de acção. Por isso, é necessário que o homem se reencontre a si próprio e se persuada de que nada pode salvá-lo de si mesmo, nem mesmo uma prova válida da existência de Deus.

O existencialismo opõe-se ao quietismo
«O quietismo é atitude das pessoas que dizem: ' os outros podem fazer aquilo que eu não posso fazer. '  Mas, o existencialismo é oposto ao quietismo visto que declara: só há realidade na acção, (…) o homem não é senão o seu projecto; só existe na medida em que se realiza, o homem é o conjunto dos seus actos, é nada mais do que a sua vida ou seja conta apenas as suas acções» (op. cit.: 207).
Sendo assim, o homem não se pode desculpar nem pode ter expectativas, esperanças porque justamente ele é a soma dos seus actos já realizados nem projectar para o futuro porque ele está sendo e não obedece nenhuma lei.

As duas escolas existencialistas
1. Cristãos, Jaspers e Gabriel Marcel
2. Ateus, Heidegger, existencialistas franceses e Sartre.
Para a primeira escola o homem foi criado por Deus a partir duma imagem e finalidade preconcebidas. Por essa razão, «cada homem realiza um certo conceito que está na inteligência divina» (op. cit.: 181). Por exemplo, a ideia de vocação de Deus a cada um de nós. Basta descobrir a tua vocação e vivé-la bem para ser feliz. Portanto, o homem possui uma natureza humana.

Para a segunda escola, «o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e que só depois se define (…). O homem não é mais que o que ele se faz» (op. cit.: 182). Portanto, neste sentido, não há natureza humana.

A existência precede a essência
Este é o princípio mais importante e fundamento da concepção sartriano a respeito do homem:«significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e que só depois se define. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber» (op. cit.: 182). Portanto, o homem existe e depois ao longo do seu devir deve-se identificar na sociedade. « os pontos de vista do existencialismo, o homem não tem, portanto, uma natureza ¢determinante' : ele é aquele que se torna a partir do seu projecto fundamental e é plenamente responsável pelo seu ser.» (ABBAGNANO.N:1993-185). O homem vai se tornar responsável se pensa para si e pelos outros. É aqui onde se nota a realidade do homem no mundo. Isso só se torna possível com o conjunto das possibilidades das acções.

Para ele o que é criado é feito com uma finalidade, isto é, é atribuído uma natureza antes da sua existência. Neste caso a essência precede a existência: assim é o homem criado que existindo vai realizando a finalidade pela qual foi destinado. A sua essência foi definida antes da sua existência. Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu.
 Posso saber que o que fui se definiu por algumas características ou qualidades, bem como pelos actos que já realizei, mas tenho a liberdade de mudar minha vida deste momento em diante..

Podemos afirmar que meu ser passado é um Em-si, possui uma essência conhecida, mas essa essência não é predeterminada. Ela só existe no passado. Por isso, se diz no existencialismo que "a existência precede a essência". Ele não é resultado de uma ideia pré-existente. Como o existencialismo sartriano é ateu, ele não admite a existência de um criador que tenha predeterminado a essência e os fins de cada pessoa. É preciso que o homem exista, e durante essa existência ele define, a cada momento o que é sua essência.

O Desamparo ou o abandono é o agir humano que não conta com a ajuda de ninguém; não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Ele apenas tem de decidir e escolher sem nenhum determinismo. O homem está lançado ao mundo, condenado a ser livre e que deve construir a sua essência ele mesmo, pois, é ele que escolhe o seu próprio ser.

O Desespero é o fundamento da acção do homem abandonado, que se limita a contar com o que depende da sua vontade e do seu mundo, ou seja, com o conjunto das possibilidades que tornam a sua acção possível. Ele deve agir sem esperança, ou seja, agir contra esperança. Portanto, o homem deve contar apenas com aquilo que está dentro das suas possibilidades.

O Desespero e a acção consistem em agir sem esperança, sem contar com a bondade ou apoio ou ter esperança do apoio de homens que estão algures nem dos que virão no futuro justamente tal futuro também dependerá da liberdade de escolha do homem futuro. Por isso, não podemos predizer o que será.

O homem é um Projecto
«O homem é antes de mais nada um projecto que se vive subjectivamente, nada existe anteriormente a esse projecto» (op. cit.: 184). Ele não segue nenhuma linha de orientação. Ele vai se fazendo a seu modo com o tempo. Só será depois da morte. Projecto fundamental é o fruto de uma escolha absolutamente livre, isto é, não é vinculada ou limitada por qualquer condição factual ou ideal.

O homem é liberdade
«Liberdade segundo Sartre, é a possibilidade permanente daquela roptura ou nulificação do mundo que é a própria estrutura da existência» (ABBAGNANO:1993- 132) «Eu estou condenado, isto significa que não se pode destacar para minha liberdade outros limites além da própria liberdade.»

A liberdade não é o arbítrio ou o capricho que decorrem em cada tempo no indivíduo; radica-se no interior da própria existência. A liberdade verdadeira e originária é aquela que é originária da escolha própria do projecto e não foge a liberdade do projecto.

«O homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e no entanto livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.» Significa também que cada pessoa pode a cada momento escolher o que fará de sua vida, isto é, Sartre pensa que o homem sem qualquer apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada instante a inventar o homem, ou seja, todo o homem tem um futuro a criar, um futuro virgem que o espera, sem que haja um destino previamente concebido, o chamado desamparo e, além disso, as escolhas de cada um são direccionadas por um projecto fundamental, da auto-realização, da transcendência ou a efectivação de todas suas possibilidades, que é inatingível em vida (op. cit.: 184).

A liberdade de outrem
A liberdade não pode ter outro fim, se não aquele de querer-se a si próprio. Ela é o fundamento de todos os valores, onde os actos do homem devem preconizar a boa fé e a liberdade enquanto tal (op. cit.: 226). O homem não estabelece valores visando abandonar-se a si mesmo, isto é, negar a sua liberdade, preferir ser um cão, uma galinha, uma formiga, um peixe, uma árvore. O homem não pode ter outro fim a não ser o de se querer a si mesmo.


A condição e a situação humana
Para Sartre não há uma essência universal para todos, mas existe a universalidade humana de condição. Por condição entende-se conjunto dos limites a priori, que esboçam a sua situação fundamental no universo. (op. cit.: 216). As situações históricas do homem variam: O homem pode nascer numa família pobre mas pode vir a tornar-se rico. Assim como uma criança  pode receber uma boa educação, mas mais tarde pode vir a tornar-se indisciplinada. O homem pode fazer-se por si, isto é, pode fazer de si aquilo que quiser. Mas o que não varia é a necessidade de  estar no mundo e com o mundo, de lutar, de viver e conviver com os outros e de ser mortal (op. cit.: 216). Tudo isso não depende do homem.

O homem encontra-se numa situação organizada, onde ele próprio está implicado pela sua escolha a humanidade inteira e não pode evitar o escolher (op. cit.: 220). A sua escolha, implica a escolha da humanidade inteira e não pode evitar a escolha. O homem de qualquer modo, faça o que fizer lhe é impossível que ele não assuma a responsabilidade total dessa escolha. Então, o homem ao escolher deve assumir as circunstâncias até a última hora. Se a escolha não vaio de acordo com a vontade, então deve abandoná-la.

A liberdade e a escolha
O homem é plenamente livre justamente porque não há nem no alto nem debaixo da terra valores ou imposições que lhe legitime o comportamento. A escolha é inevitável, mesmo a “não acção”, o “nada fazer”, por si só, já é uma escolha; a escolha de não agir. A escolha de adiar a existência, evitando os riscos, a fim de não errar e gerar culpa, é uma tónica na sociedade contemporânea. Por exemplo o medo de denunciar a corrupção para garantir o emprego ou para viver tranquilamente. Mesmo assim, ninguém deve renunciar a liberdade precisamente porque ninguém detém a liberdade de negar a sua própria liberdade e está sempre a efectuar uma escolha.

Quando a escolha se baseia no individualismo e na no bem apenas de si mesmo, e  não de toda a humanidade resulta no sofrimento: mortes, crimes, violação dos menores e abusos sexuais, linchamento, xenofobia, prostituição, homossexualismo, abortos, guerras, terrorismo, injustiças e mais. O homem na individualidade deve tender a escolha de projectos de valor universal.

O homem deve guiar-se na liberdade pela liberdade nas suas diversas circunstâncias particulares e concretas. A única condenação que o homem não pode livrar-se é a liberdade, ou seja o homem é condenado a ser livre (op. cit.: 226). A liberdade de um deve ser a liberdade do outro e dos outros. Portanto, somente tomo a minha liberdade como um fim, se tomo igualmente a dos outros como um fim. E isto encerra-se no voto da autenticidade que todo homem deve viver sem limites nem excepções (op.cit.:227).

A escolha e a subjectividade
A escolha é possível num sentido, mas o que não é possível é não escolher. Posso sempre escolher, mas devo saber o que escolher e se eu não escolher, escolho ainda. Isto tem uma importância para delimitar a fantasia e o capricho (op. cit.: 220). Se a situação que faz com que eu seja um ser sexuado exige ter relações com o sexo feminino em vista a procriação, se a situação de ter a vida digna exige valorizar a de outrem, se a situação de ser humanidade passa por viver os valores da vida em fraternidade, nesta perspectiva tenho o dever e a obrigação de escolher tal atitude com toda responsabilidade, com todo compromisso, mas isso não quer dizer que as minhas escolhas fundamentaram-se em valores estabelecidos anteriormente.

A Escolha e o compromisso
É inevitável que o homem escolha na sua existência. Escolher ser isto ou aquilo, é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhe; o homem não pode escolher o mal, o que ele escolhe é sempre o bem e nada pode ser o bom para ele que não seja para todo o homem (op. cit.: 185). Embora cada homem tem a liberdade de fazer de si o que quiser, toda escolha que fizer encerra um compromisso e uma responsabilidade. Constrói um sentido para si no mundo em que vive.

O Homem é plenamente responsável.
O homem é responsável por aquilo que é «assim o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência.» (op. cit.: 184). Quer dizer, o homem é responsável por si e também é responsável por todos homens.

O responsável final pelas acções do homem é o próprio homem. Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede um relevo maior a responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios actos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças no mundo. ou seja, o acto individual envolve toda a humanidade.

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