sábado, 16 de abril de 2011

CASTIDADE

CASTIDADE


a) Motivações
À medida que cada um de nós cresce, se desenvolve a educação sexual e afectiva esforçando-se a adquirir uma maturidade afectiva suficiente e aceitável para que futuramente assuma e realize com sucesso o compromisso do estado de vida que vier a abraçar. Neste processo de desenvolvimento humano, integral e moral, cada um escolhe o estado de vida que quer comprometer-se sendo: casamento, o celibato escolhido livremente ou forçado pelas circunstâncias da vida . De modo que as motivações da vivência da castidade podem ser para preparar devidamente o casamento ou a vivência positiva do celibato. Sendo possível deste modo viver uma castidade conjugal (no caso do matrimónio) e uma castidade própria dos celibatários (para os consagrados e os não casados).
De realçar que a castidade por motivos religiosos é assumida deliberadamente por pessoas consagradas a Deus. Negativamente a castidade pode ser motivada pelas circunstâncias da vida como falta de fecundidade que leva a rejeição da pessoa na sociedade; por traumatismos provocados na infância (violação sexual); repressão compulsiva por razões culturais.

b) Visão da Moral Sexual
A castidade designa um estado de espírito, uma atitude diante da sexualidade e não um estatuto social, um estado civil ou exercício da sexualidade. Pois, não existe um estatuto na sociedade que se chama estado civil casto.
A castidade consiste no domínio de si mesmo, na capacidade de orientar o instinto sexual ao serviço do amor e de integrar-lhe no desenvolvimento da pessoa. Ela tende à promoção de autênticos valores éticos positivos. Portanto, a castidade sexual expressa a renúncia consciente vigilante da sexualidade, entendida como exercício do sexo ou que pode conduzir a ele, por parte da pessoa, obedecendo a fins mais elevados. Portanto, a castidade é o resultado normal de uma eleição humana; representa a exigente coerência com valores superiores, requer compromisso pleno de si mesmo e o coração que quer permanecer na sua integridade. Pressupõe sempre uma consciência mais clara do valor da sexualidade na sua dupla finalidade de procriação e de amor.
Alguns definem a castidade como algo mau e negativo, menosprezo pelo matrimónio ou até impotência sexual. Mas o casado que, fiel ao seu compromisso conjugal, rejeita a unir-se ao corpo de um terceiro que não é seu parceiro, está rejeitando algo indevido. De maneiras que a castidade não é um mal, antes um bem que constrói um namoro seguro, prepara devidamente o matrimónio, solidifica a família e enobrece o ser humano.
Não é fácil ser neutro diante dos desafios da castidade. Ela exige uma opção. E os mundanos odeiam-na e lutam para derrubar o último casto que existe na sociedade. A castidade é uma virtude moral positiva que leva o homem a um comportamento cada vez mais orientado no que concerne à sexualidade e ao amor sexual. Ela «leva cada um a aprender a canalizar, progressivamente, a sua actividade sexuada para a própria realização pessoal e para a dos outros, quer num casamento uno, fiel, feliz e fecundo quer num celibato positivo» .
Quem vive a castidade sabe respeitar a natureza e a finalidade do matrimónio. Respeita o dom divino da procriação não tendo filhos fora do matrimónio, sendo fiel à sua esposa e a assumir uma paternidade responsável. Acima de tudo sabe conservar o amor mútuo e verdadeiro salvaguardando o sentido unitivo do matrimónio (cf. Humanae Vitae 12). A entrega sexual deve ser reservada para depois do matrimónio realizado perante a sociedade e perante a Igreja que servem de testemunhas deste dom divino.



c) No Magistério da Igreja
A castidade é a virtude que governa e modera o desejo do prazer sexual; é fruto do Espírito Santo e consiste no domínio de si mesmo e, na capacidade de orientar o instinto sexual para as causas morais ligadas ao crescimento espiritual e corporal das pessoas. Pela castidade, a pessoa adquire o domínio da sua sexualidade, para ser capaz de integrá-la numa personalidade compatível com os princípios morais e com os pontos de vista religiosos. Ela purifica o amor e eleva a alma; é a melhor forma de compreender e sobretudo de valorizar o amor. É consequência duma escolha livre e prudente.
A Igreja defende que a actividade sexual deve ser reservada ao casamento mediante a sublimação. A castidade não significa, nem pode significar menosprezo pelo matrimónio ou pela união física entre os cônjuges. Mas é por dar um grande valor a esse acto sagrado que o casto não admite ser dominado pelo instinto sexual. Ele regula os instintos sexuais com a razão. Pois, quando não se controla o instinto sexual se torna escravo dela. «A Palavra de Deus convida repetidas vezes aos noivos a alimentar e robustecer o seu noivado com um amor casto e os esposos a sua união com um amor indiviso» . Na realidade, em qualquer estado de vida, na forma de nos apresentar, de convivermos com os outros e de agir, devemos ter em conta o facto de sermos sexuados. Só assim, podemos fazer amizades sãs e uma boa convivência que é possível mediante a vivência da castidade. A castidade evita a fornicação, o adultério e outros pecados contra ela. Estes são capazes de oferecer prazer à pessoa mas nunca darão uma alegria completa e eterna. “A vida humana, elevada pela graça à participação divina” (cf. 2Pd 1,4) tem um valor eterno. Assim temos mais razão para respeitarmos a vida. E em consequência temos mais razão para valorizarmos a castidade. A castidade se conserva por meio da prudência. O imprudente, tarde ou cedo, acabará por cair e grave será a sua queda.
«É um insigne dom da graça. Ela, de facto, liberta de maneira especial o coração do homem (cf. 1Cor 7,32-35) inflamando-o sempre mais da caridade para com Deus e para com todos os homens» . Nas linhas que se seguem apresentamos de forma sucinta o pensamento matriz do magistério da Igreja.
João Paulo II, pelo contrário, apresenta-a como uma riqueza, na medida em que permite alcançar uma comunicação mais profunda e uma verdadeira liberdade. Com efeito, a castidade «permite que os esposos desenvolvam todas as dimensões da linguagem do corpo e evita que o acto conjugal se torne apenas uma forma de libertação das tensões sexuais do corpo» .
No próprio contexto do acto conjugal a castidade possibilita uma maior riqueza de comunhão na comunicação, na medida em que dá o afecto, à ternura e às expressões não especificamente sexuais da comunicação entre os esposos. Neste sentido, «se a castidade conjugal, e a castidade em geral, se manifesta primeiro como capacidade para resistir à concupiscência da carne, revela-se depois, gradualmente, como singular capacidade de perceber, amar e concretizar os significados da linguagem do corpo que permanecem inteiramente alheios à própria concupiscência e que, progressivamente vão enriquecendo o diálogo esponsal dos cônjuges, purificando-o, e, ao mesmo tempo, significando-o» .
A castidade é assim um esforço de libertação que permite uma comunicação mais profunda e mais rica, enquanto que a submissão à concupiscência é um empobrecimento dessa comunicação. É por isso que a castidade como capacidade de dirigir a excitação e a emoção na esfera da influência recíproca da masculinidade e da feminilidade, tem a tarefa essencial de manter o equilíbrio entre, por um lado, a comunhão em que os cônjuges desejam exprimir reciprocamente apenas a sua união íntima e, por outro lado, a comunhão em que eles acolhem a paternidade responsável.
Vivendo a virtude da castidade, tornámo-nos capazes de viver a nossa vida conjugal segundo vários registos de comunicação, desde a ternura desinteressada à paixão sensual em todas as dimensões da linguagem do corpo. A castidade, longe de ser uma crispação reprimida, «é uma virtude eminentemente positiva que educa as relações humanas e as relações entre esposos. A virtude da castidade, na sua forma amadurecida revela gradualmente a pureza do significado nupcial do corpo» . Deste modo, a castidade desenvolve a comunhão pessoal do homem e da mulher, uma comunhão que não tem condições para se formar e se desenvolver, na plena verdade das suas possibilidades, unicamente no terreno da concupiscência .
A castidade, vista no seu todo, torna-nos capazes de sacrificar e crucificar a nossa própria carne pelo dom que fazemos do nosso próprio corpo na expressão mais concreta do acto sexual, reconhecendo o outro como pessoa, como riqueza, como apelo a uma transcendência na comunhão. É uma via de santidade, e por vezes de heroísmo, um apelo à oblação concreta do corpo na fecundidade do amor.

i) Cristo, único esposo
Quem escolhe o estado de vida de consagração directa ao amor radical e total de Deus entrega a Deus corpo e alma: entrega a alma através do amor, e entrega o corpo através da castidade. A castidade é, por isso mesmo, uma oferta da alma e do corpo enquanto uso correcto da actividade sexual, subordinação ou integração ao chamamento de Deus, para valorizar um plano de vida e de missão que é fundamental: a adoração de Jesus.


ii) Em prol do Reino dos céus
A pessoa casta resulta de uma escolha divina e deve referir-lhe muito directamente a consagração a Jesus em prol do Reino, que é o bem mais excelente.

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