sábado, 16 de abril de 2011

O CELIBATO

CELIBATO


a) Motivações

O celibato verdadeiro implica sempre uma atitude de disponibilidade e serviço aos outros. O valor do celibato está na orientação definitiva para a pessoa de Cristo e sua obra.

«Os religiosos e sacerdotes fazem-no livremente e com a convicção de que Deus oferece este dom carismático, que nada tira à beleza ou à bondade do matrimónio, mas que dá relevo a um amor especificamente a Deus e ao seu povo» .

O celibato consiste numa opção ligada obrigatoriamente a uma profissão ou forma de vida escolhida por motivos religiosos, contestação do casamento, liberdade pessoal.

O celibato, também está ligado à virgindade; neste caso com os motivos bastante nobres como a consagração a uma tarefa profissional, desejo de serviço universal, entrega do coração a Deus, devotamente exclusivo ao Reino e a missão da Igreja.



b) Visão da moral Sexual

Moralmente, assumir o celibato leva boa parte o que os psicólogos designam de “sublimação”, isto é, deslocamento de um impulso libidinal sexual para objectivos superiores sem finalidade sexual.

A energia libidinal é, moralmente, descarregada na comunhão erótica de dois corpos. Mas pode ser transferida para objectos e finalidades variados em que muitas referências se fazem de maneira inconsciente e outras de maneira lúcida, realizadora.



c) No Magistério da Igreja

A Igreja apresenta o celibato como especial para o pequeno número de cristão para aqueles que receberam um chamamento nesse sentido, que receberam carisma. Ora, o matrimónio e o celibato são duas formas de estado de vida apresentados aos cristãos, duas rotas de santidade.

O celibato dos consagrados tem em vista a bens superiores. Eis porque São Paulo diz: “Quem não tem esposa cuida das coisas do Senhor para serem santas de corpo e espírito” (1Cor 7,32b).

Com o celibato, os sacerdotes vivem de modo mais excelente unindo-se a Cristo com o coração indiviso; o conteúdo e a grandeza da sua vocação levam o sacerdote a abraçar na vida essa perfeita continência, que tem como exemplo a virgindade de Cristo; o celibato facilita ao sacerdote a participação no amor de Cristo pela humanidade uma vez que Ele não teve outro vínculo nupcial a não ser o que contraiu com, a sua igreja; com o celibato, os clérigos dedicam-se com maior disponibilidade ao serviço dos outros homens; a pessoa e a vida do sacerdote são possessão da Igreja, que faz às vezes de Cristo seu esposo; o celibato dispõe o sacerdote para receber e exercer com generosidade a paternidade que pertence a Cristo. Por outro lado, pela castidade sexual, o sacerdote expressa a renúncia consciente e vigilante da sexualidade obedecendo a fins mais elevados.

Conforme ilustra Paulo VI, «o padre celibatário se configura mais perfeitamente a Cristo, tornando-se plenamente disponível para a Igreja, imolando-se pela Igreja, a fim de a tornar uma esposa gloriosa, santa e imaculada (cf. Ef 5,25-27). Torna-se mais disponível para exercer o ministério da Palavra, a oração e sobretudo o ministério da graça e da Eucaristia. Torna-se um exemplo para toda a comunidade dos fiéis, os quais são obrigados, por lei de Deus, a observar a castidade conforme o próprio estado, nas difíceis circunstâncias do mundo hodierno. Eleva o homem em sua totalidade e contribui efectivamente para a sua perfeição» .



3. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS


3.1 Semelhanças


Tanto o celibato como a castidade, a modéstia e a virgindade são virtudes sexuais que não se restringem só aos consagrados mas a todo o ser humano enquanto ser sexuado.

Uma leitura atenta mostra-nos que os três termos, falam da pureza física, moral ou espiritual. De referir que, a pureza da virgindade é mais aplicada às mulheres. Estes valores morais podem ser vividos simultaneamente assim como dissociados, mas se interligam. Pois, quem abraça a virgindade vive a castidade que o conduz ao celibato.

Para os consagrados, estes valores são obrigatórios e são recebidos como dom de Deus concedido aos seguidores de Cristo. No exercício da sua missão, eles precisam de cultivar a pureza de coração ou espiritual (virgindade), sabendo moderar e governar o prazer sexual (castidade) e renunciando o matrimónio (celibato) para servir livremente a Deus e aos irmãos. Por isso, «o conselho evangélico da castidade assumido por causa do Reino dos Céus, que é sinal do mundo futuro e fonte de fecundidade mais abundante no coração indiviso, importa a obrigação da continência perfeita do celibato» .

Para esses casos todos, é necessária a sinceridade consigo mesmo e com os outros, sendo fiel ao compromisso assumido pela pessoa. E todos têm em vista os bens do alto. Estas virtudes são sinal e estímulo da caridade pastoral e fonte singular da fecundidade espiritual no mundo. Pela virgindade ou celibato e castidade observados por amor do Reino dos Céus, os presbíteros consagram-se a Cristo, mais fácil e livremente se dedicam ao serviço de Deus e dos homens, tornando-se mais aptos a receberem a paternidade em Cristo .



3.2 Diferenças

Enquanto a modéstia é uma tentativa de controlar a tendência que temos de evidenciar os valores sexuais e sensuais do corpo, o celibato expressa tanto ideia de não casado como também o estado de não ser casado escolhido à luz da fé cristã, como um dos deveres do estado de vida dos consagrados. Por outro lado, enquanto a castidade mantém ordem na esfera sexual tocando os pensamentos, palavras e acções da pessoa toda, tanto os casados como os consagrados, pela virgindade a pessoa se abstém permanentemente de toda a actividade sexual.

O que especifica a virgindade no contexto da castidade é «é o propósito de abster-se para sempre do prazer venéreo, enquanto a integridade física é acidental para a virgindade é a ausência do prazer venéreo e a virgindade encarada só materialmente» .

A vocação à virgindade é um livre dom do amor de Deus, toda uma cadeia de graças que produzem, no chamado, aquela liberdade de espírito e de coração que lhe torna possível renunciar ao amor conjugal pelo amor do Reino dos céus.

O estado da virgindade é um alegre testemunho da plenitude da graça e significa serviço indiviso e amor desinteressado por todos sem distinção, na medida em que esses precisam de amor e de bondade. A virgindade encarna e proclama, antes de tudo, aquele amor que não termina e testemunha assim, mais eloquentemente, o eterno pacto de amor entre Cristo e a Igreja.

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