domingo, 3 de abril de 2011

O MEU PROFESSOR, PROFETA DO PASSADO?



Não vejo onde começar nem pressinto onde terminar. Em cada veia do meu raciocinar verte-se uma lagoa de mágoa, aversão cabal, inveja de atirá-lo da minha frente quando docenteia. Sou eu acaso nulo em raciocínio, vago em vasos pensamentais ou mero espetactor de suas aulas? Vale a pena um aluno sem professor do que com um professor ditador, sabichão, etnocentrista, etc. vocês sabem de quem falo. A tradição se repete. O meu professor é um profeta do passado. Vejo-o com rancor, um colono ultrapassado, ou melhor um ocidental mal situado geograficamente mas que se situa no meu presente, na minha frente. É ele por acaso aquele que vindo em África distribuiu as almas aos africanos? Vacabundo e ignorante! Se me queres teu aluno me respeite como sou e me ajude a tornar-me um moçambicano autêntico, capaz de me identificar nos paradigmas culturais que me identificam e sem me forçar a agrilhoar-me nos quadros de uma cultura opressora.

Esta é a história do meu irmãozinho. Ele conta assim:

Tenho um professor maluco, meio ultrapassado. Ele não é de nós, portanto, é contra nós. Isto é, não é de Moçambique muito menos de África. Perdido nos pedais da evangelização e mergulhado no vai-vem do seu egoísmo veio à minha terra escravizar-me. Ele pensa-me mal. Para ele não sei nada e a minha conduta é uma ofensa. Usa a sua Bíblia para dizer que é missionário e consagrado, ou seja, padre. Mas o seu coração, sua manifestação anti-humana e exacerbada ultrapassam os patamares do seu ser “alter Christi” neste mundo dos meus antepassados, a pátria de de Samora Machel e de Mondlane. Quem não conhece esse vadio de que falo afinal!!! Todos o conhecem sobejamente mas o suportam em seus corações, caras risonhas e entristecidas, semblantes pálidos e olhares desviados. Quem o compreende no seu agir? É um conhecido ignoto; um sem nós e fora de nós. Como ele, tive muitos outros no meu pretérito estudantil mas esmaguei-os no meu inconsciente e fiz as minhas malas rumo ao meu futuro incerto. Queira Deus livrar-me deste monstro nojento que exala horror e ódio esmagante. Ou eu mesmo me vou responsabilizar em esmagá-lo pessoalmente só que muito falta por suportar. Então vou parecendo como os túmulos caiados: limpos por fora mas podres por dentro. Vou tomar uma decisão: aceitar-lhe taciturno e permanecer ardendo de cólera no meu âmago.

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