terça-feira, 26 de abril de 2011

O QUE É EXISTIR?
Se falamos da “Existência”, pressupomos que todas as coisas participam como sendo elas entes. Porém, segundo Heidegger para distinguir da existência como sendo participação de todas as coisas coloca outro termo que distingue do existir do “homem” e do existir de todos os entes. 
Daí, ex-sistência que é a manifestação do ser do homem. À clarificação dessa existência chama-se “Existenzerhellung”; “Dasein”, existência empírica do homem; “Existenz”, ou seja, o indivíduo em sua unicidade irredutível, mas confrontado com a transcendência por meio das estruturas existenciais (DE LIMA VAZ, H., 2004: 129-130).
Segundo o postulado de Heidegger na sua Carta sobre o Humanismo, o existencialismo afirma de facto que o homem é fundamentalmente último de todo o sentido, de todo o valor, em definitivo, de todo o Ser. Ora, fazer do sujeito o fundamento do Ser é inverter a relação: não é o homem que faz surgir o Ser, pelo contrário, é o Ser que interpela o homem e ao qual é confiada a tarefa de se manter nessa abertura e nesse questionamento.
«A frase: ‘o homem ex-siste’, não responde à pergunta se o homem é real ou não, mas responde à questão da ‘essência’ do homem. Costumamos levantar esta questão inadequadamente, quer perguntemos quem é o homem. Pois no quem? E no quê? Já temos em vista algo que possui carácter de objecto. Mas o desdobramento do Ser ex-sistência ontológico-historial, e não menos que o que carácter objectivo» (HEIDEGGER, M., 1945: 48). “Este existente que nós próprios somos constantemente, disse Heidegger, e que, entre outas tem a possibilidade de perguntar, indicamo-lo pelo termo ser-aí (Dasein)”(ABBAGNANO, N., 1993: 137). É aqui onde faz análise sobre a existência e que leva a determinação do ser.
A existência é o que dignifica o nosso ser e vai orientado a uma lógica a capacidade de escolher algo. A estrutura relacional é que dignifica a existência.
O HOMEM: APENAS ELE EXISTE EM CONSTANTE TRANSCENDÊNCIA
Para responder a questão que anteriormente colocamos, é necessário que façamos uma análise do termo por ele usado Dasein, ou seja, “a realidade humana”, sendo próprio do homem estar aberto ao Ser, ou ainda, ser o lugar onde o Ser se dá. Segundo esta análise, a essência do homem reside na sua existência, “apenas o homem existe” e a existência é constante transcedência.
Existir é estar no mundo exterior e em relação imediata com os outros; é estar virado para o futuro tendo em conta o passado; é, portanto, preocupação e temporalidade; é ter consciência da morte como impossibilidade do possível e o fracasso da liberdade.
O homem pode conseguir se realizar no mundo com a liberdade; dentro da liberdade o homem deve assumir as consequências até a última instância.
O modo inautêntico de existir é perda de si no anónimo e no quotidiano. A existência autência é aceitação lúcida e decidida da condição humana; só se pode chegar aí depois de ter atravessado a angústia.
O homem não é senão enquanto em si acolhe o Ser: ‘A essência do ser-aí, (pre-sença), reside em sua existência’ (Ibidem: 45-46). O homem segundo Heidegger é enquanto existe. É essa existência que o torna substância. É no pensamento e na linguagem do homem que o Ser se detecta, ‘ se produz como iluminação’, e é assim que nasce a verdade, que, segundo o sentido da palavra é desventar. O homem é aquilo que pode ser (Cfr. HEIDEGGER, M., 1927: 11-12).  A lnguagem exterioriza o pensamento, o homem faz-se, dá-se sentido através da linguagem.
“A ex-sistência do homem é, enquanto ex-sistência historial, mas não é em primeiro lugar e apenas pelo facto de, no decurso do tempo, muitas coisas acontecerem com o homem e as coisas humanas” (HEIDEGGER, M.,  1945: 59). Ser homem é ser livre, agir como deve ser não submeter-se a opinião pública, ter uma capacidade auto-determinação.
O objectivo declarado no Ser e Tempo é o da ontologia capaz de determinar adequadamente o “sentido do ser”. Mas, para alcançar esse objectivo, é preciso analisar que é que se propõe a perguntar sobre o sentido do Ser. Ser homem é considerar a sua pátria como essência.
Enquanto o Ser e Tempo se resume numa analítica existencial daquele ente (o homem) que se propõe a pergunta sobre o sentido do ser, os escritos de 1930 em diante abandonam  a proposição originária: não se trata mais de analisar “aquele ente” que procura caminhos de acesso ao Ser, mas sim o Ser mesmo e sua auto-revelação. E aqui, precisamente, reside a “reviravolta” do pensamento de Heidegger, que no segundo período de sua filosofia, prescinde da existência, que se torna uma determinação não essencial do ser. Como escreve ele: “A história do ser sustenta e determina cada condition et situation humaine” (Ibidem: 32). “Se o homem é livre no acto de projectar o seu mundo este mesmo projecto subordina imediatamente o homem a si tornando necessitante dependente”(ABBAGNANO, N., 1993: 140). O homem ama o mundo, mas deve cuidar de tudo, o que se diz amar o próximo para ele é estar no mundo.
O HOMEM É UM SER-NO-MUNDO E TAMBÉM UM SER-COM-OS-OUTROS
Não sendo simples objecto, um simples estar-presente, o homem é aquele ente que se interroga sobre o sentido do ser. O modo do ser homem é a existência. A experiência é poder ser projecto.
A existência é transcendência, identificada por Heidegger como a superação. A transcendência é a constituição fundamental do homem (projectar-se): as coisas no mundo estão em função do projectar humano. A característica fundamental do homem segundo Heidegger é “Ser-no-mundo” (HEIDEGGER, M., 1945: 76).
O homem está no mundo. Porque o homem é projecto, o mundo é um conjunto de “instrumentos” para o homem. A existência é poder ser projecto, transcendência para com o mundo: estar-com-e-no-mundo...!
Estar-no-mundo é cuidar, é importar-se da realidade metafísica: portanto, o ser das coisas equivale ao seu ser utilizadas pelo homem (instrumentos).
O homem não é espectador no mundo; o homem está envolvido nele e suas peripécies. E, transformando o mundo ele forma e se transforma a si mesmo. O homem compreende uma coisa quando sabe o que fazer consigo, e quando sabe o que pode fazer.
Se o Ser-no-mundo (in-der-Welt-sein) é um existencial, também o ser-com-os-outros (Milt-sein) é um existencial. Não há ‘um sujeito sem mundo’ e, ao mesmo tempo, não existe ‘um eu isolado sem outros’. A existência do eu é abertura (constitutiva) aos outros “eus”, desde a origem que participa do mesmo modo no qual eu vivo.
O Ser-no-mundo do homem se expressa pelo “cuidar das coisas”. Do mesmo modo, “o ser-com-os-outros se expressa pelo cuidar dos outros”, coisa que constitui a estrutura basilar de toda a possível relação entre os homens.
- O autêntico “coexistir” é ajudar os outros a conquistar a liberdade de assumir os seus próprios cuidados.
- A forma inautêntica de coexistir é subtrair os outros dos seus cuidados. 

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