sábado, 30 de abril de 2011

PAIXÃO POR ACASO

Depois de doze anos casada, eu levava uma vida rotineira. E apesar de ter pouca idade, já nem pensava em amor. Era o mês do meu aniversário e eu estava muito triste, pois essa data era insignificante para o meu marido. Um dia antes de completar anos, haveria uma festinha junina no colégio do meu filho. Estava cansada e sem ânimo para ir, mas o pequeno fazia questão da minha presença. Sem a menor vontade, vesti uma roupa comum e fui para a escola. Mal podia imaginar o que aconteceria lá.

Na hora da dança, quando todos os pais assistiam aos passos de seus filhos, percebi a presença de um homem. Ele chamava a atenção de uma criança, todo orgulhoso. Os olhos desse pai brilhavam. Fiquei fixada nele.

Não conseguia desgrudar meus olhos. Me peguei imaginando como queria que o meu marido tivesse a mesma atenção que esse pai. Estava perdida em meus pensamentos, quando notei que ele também me observava. Sem graça com aquela situação, me retirei. Encostei em uma barraquinha, mas não conseguia parar de pensar naquele homem.

Comprei um churrasco e, enquanto comia, apareceu uma professora que me distraiu. Estava conversando com ela quando o homem passou, me encarando com um olhar que me despia. Fiquei paralisada, perdi o controle! Até a professora percebeu.

Minutos depois, ela me deixou sozinha. O homem se plantou bem na minha direção e ficou me observando. Tentava fugir daquele olhar que me perturbava, mas ele foi se aproximando e se apresentou. Disse que se chamava José e que tinha ficado impressionado comigo. Logo depois, pediu meu telefone. Recusei, dizendo que aquilo não estava certo pois éramos casados.

Ele me respondeu, abrindo um sorriso maravilhoso:

- "Isso só torna as coisas mais fáceis!"

Pedi, meio sem graça, que não insistisse no assunto. Fiquei morrendo de medo de que meu filho chegasse. Como ele não desistia, acabei sugerindo que ele me desse seu número. Falei que eu o procuraria.

Mas no meu interior, estava certa de que não ligaria. Ele não era bobo e disse:

- "Fica mais fácil eu te ligar."

Acabei concordando, para que José fosse embora.

O final de semana passou e, junto com ele, meu aniversário. Já nem lembrava mais daquele moço negro, tão atraente. Mas na segunda-feira o telefone tocou.
O telefone tocou e do outro lado da linha estava José, o moço que conheci na escola do meu filho. Ele perguntou se eu sabia quem era. Respondi que sim, sem medo de errar. Era a hora do almoço e o meu marido estava ao meu lado, por isso, pedi que ele ligasse depois.

Conversamos várias vezes pelo telefone como bons amigos e parecia que nos conhecíamos há muitos anos. Numa dessas conversas, José me fez uma pergunta. Já se passara mais de um mês desde que tínhamos nos visto pela primeira vez.

Ele quis saber se eu me lembrava dele e me pediu para descrevê-lo. Respondi que era alto, negro, calvo e que usava um cavanhaque.

José ficou surpreso e insistiu em me ver.

Recusei vários convites dele. Aquela era uma situação nova para mim. Depois de vários telefonemas concordei, com a condição de sermos apenas amigos. Marcamos de nos encontrar no centro da cidade, em frente a um prédio bem conhecido. Fiquei conversando com uma amiga. Quando ele surgiu, já ia passando reto, mas nossos olhares se cruzaram e ficamos paralisados. Parecia uma cena de novela.

José estava lindo carregando uns livros. Ele me cumprimentou com três beijos no rosto e ficamos ali, parados. Minha consciência logo pesou e eu disse que tinha que ir embora. Ele andou comigo até o ponto de ônibus, e veio a pergunta:

- "E aí? Sou mesmo o que você imaginava?"

Trêmula, eu respondi:

- "Sim."

Pegamos o mesmo ônibus e ele desceu no meio do caminho. Voltei para casa com a imagem dele no meu pensamento. Quanto mais eu tentava não lembrar, mais meu pensamento se fixava. Nossos telefonemas foram ficando mais intensos e ele cada dia mais romântico. Dizia coisas que eu jamais havia escutado, tocava músicas para mim no telefone. Era muito sedutor.

Um dia, o colégio marcou uma reunião de pais. Estava trabalhando e não podia ir. José me ligou dizendo que estava lá me esperando. Não queria ir mas já não conseguia controlar meus sentimentos, não resistia à tentação de vê-lo no lugar onde nos encontramos pela primeira vez. Após a reunião, saímos juntos para pegar o ônibus e ele me beijou. Sabia que aquilo era loucura, mas foi o melhor beijo da minha vida.
Eu parecia uma adolescente, namorando na porta do colégio. Nunca tinha me acontecido nada igual! Tudo com o José era diferente, novidade. Depois daquele encontro na escola do meu filho, voltamos a nos ver. Ele me acompanhou até o meu serviço e nos beijamos loucamente. A partir daí, iniciamos um romance e tivemos vários encontros... Quanto mais a gente se via, mais a vontade crescia.

José insistiu em que eu conhecesse sua família. Propôs até que me tornasse amiga da mulher dele. Só dessa forma poderíamos nos encontrar sempre sem levantar suspeitas.

Louca de paixão, aceitei. Conheci sua esposa e ficamos amigas. Mas minha consciência pesava, eu já não dormia direito. Um dia, José me disse desconfiava da mulher, achava que ela também era infiel. Ele dizia que sua esposa já não gostava de sexo como antes e me pediu que a investigasse. Não é que uma tarde, numa de nossas tantas conversas, ela confessou que traía mesmo o marido? Fiquei abismada. Ela não parecia ser capaz disso. Eu me vi numa situação muito difícil! Não sabia o que fazer! Depois de muito pensar, contei ao José.

Ele tentou mostrar tranqüilidade, mas mudou totalmente o comportamento comigo. Passou a me ligar só para falar de sua esposa. Apaixonada, cega, eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Será que estava participando de um jogo sujo? Será que aquilo era apenas uma brincadeira, uma armação do casal?

Chamei José para uma conversa. Queria colocar tudo em pratos limpos. Expus os meus medos, disse que ele estava estranho. José falou que nunca me deixaria, que não gostava mais da mulher mas não sabia do que ela seria capaz. Explicou que tinha dois filhos e que por eles faria qualquer sacrifício, até tentar reverter a situação infeliz de seu casamento. Decidimos nos separar. Passei os piores momentos da minha vida. Até hoje, quando nos encontramos por acaso, na rua, nossos olhos pedem o que os nossos corações tentam sufocar...

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