terça-feira, 26 de abril de 2011

SITUAÇÃO HISTÓRICA DO CONTEXTO DO EXISTENCIALISMO
O “existencialismo” tendo-se desenvolvido na Europa, e particularmente na Alemanha e na França, de certo há que conhecer a situação histórica, económica e social por que estes países passaram, seja ao cair do pano do século XIX bem como nos inícios do século seguinte entre as duas guerras mundiais especificamente quando se desenvolveu o “Existencialismo”.
Nesse mesmo período os países capitalistas da Europa apresentavam um incremento assaz desigual. Por um lado, a França que juntamente com a Grã-Bretanha, Bélgica e o Reino dos Países Baixos que se localizavam ao ocidente e norte da Europa, porque haviam realizado suas revoluções industriais e tinham, inclusive, participado vitoriosamente na corrida colonial, conheciam um desenvolvimento bastante acentuado. Por outro, estavam a Alemanha, Itália, o império Austro-Húngaro e Otomano e a Rússia que são os grandes impérios da Europa Meridional não estavam no mesmo estágio de desenvolvimento, quanto aos países anteriormente mencionados porque não se desprendiam das velhas formas de produção feudal ou então transitavam às novas formas de produção capitalista (Cfr. FENHANE, B., 1999: 9-10).
Economicamente estável e conhecendo nos vários sectores um desenvolvimento significativo a França, todavia, infelizmente estava politicamente instável devido às insatisfações individuais ou colectivas: a busca da independência individual e a luta de ideais sociais. A Alemanha, que pertencia a “Europa Agrária”, crescia e impunha-se: se industrializava e não era mais aquele país “agricola”. O seu desenvolvimento económico cada vez mais crescente era tão invejável que não se comparava ao da França da qual também se divergia porque tinha uma apreciável estabilidade política, não obstante a diversidade de classes nela existentes. A Alemanha deste período constituiu ameaça não só para a Europa, mas também para o resto do mundo porque possuia uma terrível indústria de guerra (Cfr. FENHANE, B., Op. Cit..: 11-13). 
Decorrida a primeira Guerra Mundial devido a rivalidades entre as grandes potências imperialistas as perdas militares foram demasiado enormes seja para as Potências Centrais (Alemanha, Austria-Hungria) vencidas com milhares de mortos, seja para os Aliados (França, Inglaterra, Rússia, Itália) também com as perdas de milhares de vidas (Cfr. Idem: 41-42).
O vazio existencial que afecta os sobreviventes em situações do pós-guerra é de grandeza indiscutível. Muitos perderam familiares, seus haveres foram reduzidos a cinzas, territórios imensos devastados pela guerra, pessoas inocentes afectadas pela gulosa destruição, monstruosas e pequenas habitações empolvilhadas pelo armamento mortífero, coisas e coisas... pessoas e pessoas aos milhares desprovidos de vida que tanto a quiseram. Cheira a morte por todos os lados, a angústia que assalta os homens, a sede de revolta que perturba os âmagos, a esperança de reconstruir com as próprias forças humanas, o indizível desespero que rouba uma necessária esperança de mudar a tristeza do destino, a fome, a sede, o risco de perder a própria vida, a morte! Mas, o que é a morte? Morre-se, isso é verdade, morre-se. Haverá uma vida melhor após a morte, ou melhor, será verdade ou vale a pena aceitar na vida pós-morte? Mas... mas, por quê vivemos nós? Qual é a essência da nossa existência? O que é existir, por quê e para que existimos nós? Qual na verdade o sentido da nossa existência?
A Alemanha que conhecia um positivo desenvolvimento se encontrava dilacerada pela guerra. A França que estava economicamente estável também sofreu com a guerra. O drama da existência é deveras existente e com sua razão de ser. Na Alemanha e na França a “filosofia da existência” se impõe implacável. São do pós-guerra as obras de maior importância do “Existencialismo” e também os escritores existencialistas foram “sobreviventes” do conflito mundial: Heidegger, Jaspers, Sartre entre outros.
A Alemanha, a principal vencida da primeira Guerra Mundial, foi a causadora do segundo conflito mundial na pessoa do conhecido Adolf Hitler (1889-1945). A denominada “Guerra Relâmpago” (em alemão, Blitzkrieg) que era uma espécie de guerra de surpresa em que os alemães pretendiam vencer os seus inimigos e conquistar territórios por elas pretendidos. Revoltando-se das medidas punitivas e da pesada derrota da Primeira Guerra mundial, juntamente com a demasiada ambição do imperialismo alemão fez com que eclodisse a Segunda Guerra mundial na qual logo de início a Alemanha conquistou numerosos territórios como a Polónia, a Dinamarca, a Noruega, a Bélgica e a Holanda. Quase que dominava a Europa toda, pois o norte da França e sua capital assim como a Rússia foram pela Alemanha atacados. No final de contas essa Alemanha que e impunha e mais tarde apoiada pela Itália corroborando o poderio Russo que frustrava os interesses dos alemães (Cfr. FENHANE, B., op. Cit.: 83-95).
A figura do vencido Adolf Hitler que se suicidou ao final da guerra (1945) é apontada como o causador da Segunda Guerra e grandemente responsável do Holocausto. A (sua) ideologia Nazi que era um partido totalitário preconizava para a superioridade da raça alemã na sua pureza, o racismo era intolerante na mistura com outras raças. Por isso então o ódio e a perseguição e de seus descendentes porque, segundo o Nazismo tornariam “impuro” o sangue alemão (Ibidem: 72-74).
Foi entre estas duas guerras que floresceu o existencialismo na Alemanha e na França.
 “Intérpretes desta urgência de renovação e, ao mesmo tempo, testemunha da situação de angústia em que o flagelo de guerra havia submergido a humanidade é o existencialismo, um movimento de pensamento que concebe a especulação filosófica como uma análise minuciosa da experiência humana quotidiana, em todos os seus aspectos teóricos e práticos, individuais e sociais, instintivos e intencionais, mas, acima de tudo, dos aspectos irracionais da vida humana” (MONDIN, B., 2002: 205-206).  

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