terça-feira, 26 de abril de 2011

SUMULA GERAL SOBRE O EXISTENCIALISMO
Chegados ao patamar da exposição do nosso grande tema “O Drama da Existência Humana”, eis o momento propício para dialogarmos com as duas vias de pensamento: S. Agostinho e alguns filósofos Existencialistas (Heidegger, Sartre e Jaspers). Concernente ao tema, é o momento de fazermos um comentário em gesto de síntese de tudo o que foi tratado.

Neste diálogo, não pretendemos ter nenhuma tendência de favorecimento ou desfavorecimento há cerca do tema, e sim, ilustrar em ambos os seus pensamentos. Do que já foi exposto, nota-se que há uma oposição de pensamento no que diz respeito à essência do homem. Nisto, mostraremos as semelhanças e diferenças. Em seguida, apresentaremos o contexto de vida nos dois pólos em diálogo. Como forma de lograr nossos intentos, propomos ilustrar alguns aspectos ao nível do drama em Moçambique e no mundo em geral.

Não houve nenhum movimento de grande importância na história de pensamento que tivesse sido ao mesmo tempo, um movimento filosófico de grandes teorias coincidentes com resultados práticos. Nem outro traço característico da situação das ideias, a partir das sociedades classicistas, deixou de assinalar os dois pólos conflituantes num projecto filosófico de interpretação no mundo: materialismo, idealismo.

O materialismo e o idealismo compõem o binómio dramático que envolve o problema capital da filosofia. A escolha de uma e de outra linha filosófica é sempre capítulo decisivo no conviver humano, porque de sua eleição o homem faz e refaz o conceito da vida e do seu destino; decide com base em suas opiniões.

No decorrer da vida, o homem sempre auto-questiona-se acerca da sua origem e do seu destino. Mesmo quando semi-animalizado, lutando com as feras, pela própria sobrevivência, acasalando-se e organizando-se em grupos familiares, continuou ele a colocar as mesmas questões. O homem caminha, desenvolve a sua inteligência, e buscou conhecimento sobre o “mundo exterior”, o universo.

Com o tempo, vimos a humanidade caminha a passos mais largos. A inteligência, movida pelos interesses das necessidades, quer físicas ou materiais, quer espirituais ou ideais, sempre a humanidade se expande. Consequentemente, a vida parece não ter sentido e muito insegura, mergulha-se numa crise existencial e faz várias questões concernentes a sua existência, concretamente o porquê da vida e das coisas. Daí, a insegurança surge justamente pelo facto de que no mundo parece uma luta de dois pólos opostos, isto é, a vida e a morte, alegria e a dor, liberdade e opressão, amor e ódio, o bem e o mal, a paz e a violência. Com o exemplo deste fenómeno, no mundo de hoje assistimos ou encontramos a insegurança do homem pela sua vida. Então, diante desta crise existencial e insegurança, a quem pode recorrer? A Deus ou aos homens? Aos nossos próprios interesses no tempo actual?

O CONTEXTO E A ÉPOCA DE SANTO AGOSTINHO
S. Agostinho: Nasceu em Tagasta de Numídia 354-430 d.C. (província de Roma ao norte da África). Teve influência do Maniqueísmo (bem e mal), Neoplatonismo (razão e a fé se complementam) e cristianismo (concilialização entre a fé e a razão). Depois da morte da sua mãe, vendeu tudo, isto é, suas posses e projectou o seu programa de vida de pobreza, oração e trabalho. Por seus dotes naturais e títulos de graça, cresceu em torno dele um grupo de amizade e fundou para a história o Monacado Agustiniano. Em 386, escreveu a obra Vida Feliz em forma de diálogo. Nos seus 43 anos de idade, ele escreveu a obra das Confissões escrita em 397, narra sua vida contada com suavidade parece a história de uma ama “onde se revela os prodígios da graça em uma natureza rebelde e decaída”.

Na época de Santo Agostinho, o valor da retórica tinha perdido o seu peso a nível da política, a nível social e a nível religiosa. Dai que a especulação teológica deixou de ser puramente objectiva com poderosas personalidades da patrística grega. O pensamento dos antigos filósofos, na medida que perdera o seu valor, a necessidade era de voltar para a valorização do próprio homem.

Portanto, o problema teológico de Santo Agostinho é exactamente o problema do homem: o problema da sua crise e redenção, o problema da sua razão especulativa, o problema da sua obra de bispo, da sua dispersão e inquietação (ABBAGNANO, Nicola, Vol. II, pág. 173).

A vida de Agostinho divide-se em dois períodos: antes da conversão e depois da conversão.
Antes da conversão, Agostinho passou a sua vida entre Tagaste e Cartago. Na sua adolescência Agostinho tinha um temperamento ardente, era rebelde a todos os freios, o que lhe levou a ter uma vida desordenada e dispersa. Porém, interessava-se aos estudos clássicos, especialmente latinos e dedicava-se com paixão a gramática, aderindo assim a seita dos Maniqueus em 374. Todas essas fases da sua vida e os acontecimentos que se deram em muitos aspectos, mostram a decisão para a formação espiritual e o desenvolvimento do pensamento filosófico e teológico de Agostinho, isto é, a sua conversão ao cristianismo.

Depois da sua conversão Agostinho, deixou o ensino e juntou-se com os seus amigos na vila de Cassiciaco (na Briância) onde nasceram as suas primeiras obras contra os académicos, sobre a ordem, a Felicidade e Solilóquio através da meditação e das conversações que teve com os seus amigos.

Agostinho neste momento, ficou convencido de que a sua missão era para difundir a sabedoria cristã na sua própria Pátria e de combater contra os inimigos da Fé e da Igreja: o Maniqueísmo, Donatismo e Pelagianismo. E finalmente leu Plotino e fascinou-se sobre a incorporeidade de Deus e imortalidade da alma, passando do Cépticismo à Neoplatonismo. Leu também o livro de são Paulo e encontrou-se com Ambrósio e depois tirou a conclusão de que a verdade não se encontra lendo os livros dos filósofos, mas também os Evangelhos.

O CONTEXTO E A ÉPOCA DOS FILÓSOFOS EXISTENCIALISTAS   
( Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre e Karl Jaspers)
Existencialismo ou a filosofia da existência é uma vasta corrente filosófica contemporânea que se afirma na Europa logo após a Primeira Guerra Mundial, se impõe no período entre as duas guerras e se desenvolve ainda mais e se expande até tornar-se moda sobretudo nas duas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial. Assim, se consideramos o tempo de seu nascimento e de seu crescimento, é fácil perceber que o existencialismo expressa e leva à conscientização a situação histórica de uma Europa dilacerada física e moralmente por duas guerras, de uma humanidade europeia que, entre as duas guerras, experimentam em muitas de suas populações a perda da liberdade, com regimes totalitários.

A época do existencialismo é época de crise: a crise daquele optimismo romântico que, durante todo o século XIX e a primeira década do século XX, garantia o sentido da história em nome da Razão, do Absoluto, da Ideia ou da Humanidade, fundamentava valores estáveis e assegurava um progresso certo e incontável. O idealismo, o positivismo e o marxismo são todas filosofias optimistas, que presumem ter captado o princípio da realidade e o sentido progressivo absoluto da história. O existencialismo, porém, considera o homem como ser finito, lançado no mundo e continuamente dilacerado por situações problemáticas ou absurdas. E é precisamente pelo homem, o homem em sua singularidade, que o existencialismo se interessa. O homem do existencialismo não é o objecto que exemplifica uma teoria, um membro de uma classe ou um exemplar de género substituível por outro exemplar qualquer do mesmo género. Da mesma forma, o homem considerado pela filosofia da existência também não é simples momento do processo de uma Razão omniabrangente ou uma dedução do Sistema. A existência é indedutível e a realidade não se identifica com a racionalidade e nem se reduz a ela.

Martin Heidegger: Nasceu na Alemanha (Messkirch), 1889-1976. Para toda a sua vida madura, ele esteve obcecado que há um sentido básico do verbo “ser” que jaz atrás da sua variedade de usos. As suas concepções quanto ao que existe são uma ontologia (o estudo do que é, do que existe: a questão do ser). Teve influência do Nazismo e de diversos filósofos do século XIX e início do século XX, por Kierkegaard, Nietzsche, Wilheim Dilthey, Husserl. E em 1945 escreveu a obra “Carta sobre o Humanismo” em forma de epístolas.   

Jean Paul Sartre: Nasceu na França (Paris), 1905-1980. Foi filósofo, iniciou a sua careira como jornalista e mais tarde passou ao teatro. A sua vida foi dolorosa por sentir a falta de família, isto é, a perda do seu pai e a falta de um carinho afectivo da falta de uma mulher, em consequência sem nenhum filhos. Isto tudo influenciou no seu modo de pensar. Não obstante, também obteve alguns momentos dolorosos quando foi preso nos campos de concentração na Alemanha, obtendo assim, influência do nazismo e do comunismo alemão. Em 1948, escreveu a obra “O Existencialismo é um Humanismo”, onde mostra a acção humana ao existencialismo (MONDIN, Battista, Curso de Filosofia 3, pág. 197-198).

Karl Jaspers: Nasceu na Alemanha (Oldenburg), 1883-1969. Homem célebre, pois obteve uma vida cómoda até chegar ao ponto de ter laureações em Medicina, Filosofia e professor. Por sua vez, foi obrigado pelo regime nacional-socialista a deixar os seus estudos (Idem, pág. 194).

Existencialismo é uma corrente filosófica iniciada a partir da primeira guerra mundial e que atingiu o apogeu nos anos 40 a 50, impregnando a cultura dessa época (Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, Vol. II,). O existencialismo é caracterizado pelo facto de questionar o modo de ser do homem e do próprio mundo. É uma análise da experiência quotidiana em todos os seus aspectos teóricos e práticos, individuais e sociais e instintivos e intencionais. Mas sobretudo dos aspectos irracionais da existência humana. Os existencialistas usam a noção de possibilidade para a existência humana, isto é, os modos de possíveis de relacionação do homem com o mundo.

Esta época é caracterizada pela crise de optimismo romântico (idealismo, positivismo e marxismo). A filosofia de existência se impõe no período entre a primeira guerra mundial e a segunda guerra mundial (séculos XIX a XX) expressando-se e levando à conscientização e situação histórica de uma Europa dilacerada física e moralmente por estas duas guerras, onde a humanidade experimentara a perda da sua liberdade.

Constata-se que também a primeira guerra mundial pôs o fim a essa civilização dominada pela ideia de progresso e de bem-estar. Nessa guerra, o homem é alvitado como nunca o fora, o homem viveu na angústia e no medo e lutou ao mesmo tempo por uma solução apaziguadora, ponto em dúvida os valores de civilização que criavam. Enquanto que a segunda guerra mundial outra coisa não fez do que agravar ainda mais o alvitamento e o desespero. Os anos entre 1919 a 1960 vêm a ser a época do desenvolvimento e plena vigência das filosofias existencialistas.

O existencialismo considerou o homem como ser finito “ lançado no mundo” e que continua a ser dilacerado por situações problemáticas ou absurdas. Considerou também o homem em sua singularidade, e que o homem não é objecto que se exemplifica na teoria e nem se pode substituir.

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