terça-feira, 26 de abril de 2011

VISÃO HISTÓRICA DA FELICIDADE

A felicidade foi sempre o problema que o homem existente procurou desvendar, questionando-se sobre o seu lugar e donde origina. Desta feita, são muitas as concepções sobre a felicidade dado que tem sido algo de experiência individual ou colectiva. A felicidade em si é o estado de uma consciência plenamente satisfeita, é o contentamento, o bem-estar, o sossego, a ausência de preocupações. Esta felicidade tem se considerado que ela se encontra enquanto possuímos um certo bem, seja material ou espiritual.

Na antiguidade
1. Os pitagóricos
PITÁGORAS (582-500a.C.), filósofo e Matemático grego. Dizia que a boa alma é que condiciona a felicidade. A felicidade é algo condicionada pela obtenção de uma boa alma. Foi muito ligado ao orfísmo daí que pregava a obediência ao silêncio, a abstinência de consumir alimentos, no desapego a muitas possessões e apego ao hábito da auto-análise.

2.PLATÃO (427-347a.C.) pregava que a felicidade é algo de intelecto. No “Fédon” nos mostra que a felicidade é algo adquirido pela prática da virtude, identificando a virtude com o conhecimento, a verdade e o bem. Ainda, na “República” mostra-nos que é mais feliz um justo no meio dos sofrimentos do que um injusto num mar de delícias. Em Platão a felicidade é mesmo algo de intelecto, pois, poderíamos perguntar “quem negaria de sentir-se feliz, sendo injusto, no meio de mar de delícias?”.

3.ARISTÓTELES (384-322a.C.) Na “Ética a Nicómaco” declara que a felicidade é identificada com bens muito diversos como: a virtude, a sabedoria, prática-filosófica acompanhada ou não por prazer e prosperidade. São identificáveis com a felicidade as boas atitudes, daí que tende a referenciar a felicidade às coisas racionais e à moderação dos actos. Evidentemente, ninguém negaria viver satisfeito por mais injusto que seja.

4. EPICURISTAS (nos anos 300a.C.). Foi uma corrente filosófica fundada por Epicuro (342-271a.C.), que procurava os prazeres externos para fundamentar a felicidade. A felicidade é alcançada pelo prazer corporal. Estes desfrutavam de prazeres de coisas simples da vida como (comida simples do que um lauto banquete, bons amigos, evitar a dor).

5. ESTOICOS (nos anos 300a. C.), corrente filosófica fundada por Zenão (336-264a. C.) pregava que só é feliz quem não procurar o impossível, isto é, para ser feliz é necessário saber suportar a sorte e não deixar-se levar pela emoção de desejar ainda mais. O lema dos estóicos é «ir com a maré sem tentar lutar com o destino», (WEATE, J. 1998,p.19) e sendo assim viver feliz para eles seria estar em harmonia com a natureza.

6. CÍNICOS (400a. C.)
Têm como principal fundador Antístenes e depois Diógenes seu discípulo veio aprofundar esta corrente. A felicidade não depende de nada externo à pessoa, ou seja, coisas materiais nem mesmo a preocupação com o alheio, com a saúde, sofrimento e a morte. Para eles, a libertação preocupante sobre estas coisas é que é o alicerce da felicidade para além da prática da conduta moral do homem daquilo que lhe é intrínseco não pela conquista das coisas materiais.

Época Medieval 
1. BOÉCIO (480-524 d.C.). A felicidade é o estado em que todos os bens se encontram. Daí que não há felicidade sem os bens que fazem feliz os protagonistas dos mesmos. A partir de Boécio começou-se a distinguir a questão de felicidade animal, que não chega a ser felicidade pois é aparente; eterna, a que se insere na vida contemplativa; felicidade final, última ou perfeita, a que se chama de beatitude, caracterizada pela ideia de estabilidade e de satisfação sem deixar de qualquer outro desejo.

2. S. BOAVENTURA, dizia que a felicidade é o ponto final e a consumação do itinerário que leva a alma a Deus. Não exige quantidade nem posse de poderes mas sim o conhecimento, amor e posse de Deus.

3. S. TOMAS DE AQUINO (1225-1274), filósofo e teólogo italiano. Na “Suma teológica” coloca a felicidade como condicionada, algo que vem de fora, mas que deve ser ligada a um bem verdadeiro. A felicidade é um bem de natureza intelectual, bem-estar da alma, mas também condicionada a algo que vem de fora.

Época Contemporânea
No mundo contemporâneo, a felicidade é discutida pela Filosofia moral, mas é vivida por todos. A concepção não se distancia com a dos clássicos e dos medievais.

Os utilitaristas afirmam que a felicidade é a meta última em direcção da qual todas as acções caminham e tornando-se, portanto, o padrão definitivo que permite ao homem julgar o que é correcto e o que é errado nas suas acções. Stuart mill (1806-1873), filósofo inglês e percursor de Betham afirmava que as acções são correctas na proporção em que promovem a felicidade e más na medida em que trazem a infelicidade. E com esta definição, encontra a felicidade no prazer e ausência do sofrimento. Para Mill, a felicidade não depende só da quantidade mas da qualidade dos prazeres. Os homens se tornam felizes não pelos “prazeres inferiores” mas pelos “prazeres mais altos” – “os prazeres do intelecto, das sensações e imaginações e dos sentimentos morais”.

Outro filósofo sob linha do Mill foi BETHAM que via a felicidade na consumação dos prazeres e a subtracção dos sofrimentos: tratava-se unicamente de factores quantitativos, tais como a intensidade e a duração das sensações do prazer e do sofrimento.

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