segunda-feira, 2 de maio de 2011

MOMENTOS DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL


Gostaria de focalizar um pormenor que não deixa de ser importante, que é o local concedido para a ordenação é de extrema recomendação da Santa Madre Igreja que é a Sé Catedral e realizada dentro da celebração eucarística, com maior concurso de fiéis num domingo; depois da liturgia da palavra, antes da liturgia eucarística.
Fazendo uma apresentação como teólogo dos momentos da ordenação sacerdotal encontramos:
* Eleição do candidato
* Homilia do Bispo
* Promessa do eleito diante do Bispo
* Súplica litânica
* Imposição das mãos e oração de ordenação
* Unção das mãos e entrega do pão e do vinho
Estes momentos foram seguidos na sua plenitude salvo alguns acréscimos em certas partes que já vou desenvolver  na apreciação crítica.

APRECIAÇÃO CRÍTICA DE ALGUNS MOMENTOS DO RITO DE ORDENAÇÃO
Eleição do candidato- Depois do candidato ter sido convocado pelo Diácono e esse respondida presente e tendo aproximado ao Bispo; notamos algo adaptado que foi depois do colóquio entre o presbítero designado pelo Bispo (Monsenhor) e o Bispo, que é: a leitura do proclame e testemunho do povo cristão feito pelo pároco da paroquia na qual o ordenado fez a sua ultima pastoral. Isso antes de todos terem respondido “graças a Deus”. Por outro lado notamos que, no início o ordinando ao se aproximar do bispo depois de ser convocado pelo Diácono vai acompanhado pelos familiares ou padrinhos, o que o ritual não prevê se vai acompanhado ou sozinho.
Mas mesmo o ritual não prevendo nota-se, na linha da inculturação haver um grande significado que é o gesto do consentimento dos pais, apesar da liberdade do filho em decidir sem ser influenciado, estes tiveram grande desempenho e envolvimento na protecção daquilo o que o filho se consagra a dedicar, devem traze-lo e apresenta-lo ao Senhor. Assim os pais são os primeiros testemunhos do sim feito pelo filho.

Súplica litânica- faz-se a oração pelo servo (ordinando) que se dignou a escolher para o ministério do presbiterado e depois cantam-se as ladainhas. Segundo o comentarista para além dos Santos da Igreja faz-se menção para que se tenha em conta os santos antepassados porque neste momento o ordinando vai morrer para o mundo e nascer para Deus com a intersecção dos Santos da Igreja e santos antepassados. Notamos também oito mães (dançarinas) sentadas com panelinhas (contendo brasa e incenso) fazendo gestos de elevar e descer  em volta do eleito prostrado e coberto com mucume. Podia se entender de que estava-se diante do culto aos antepassados dada a sensibilidade da posição das mães e as panelinhas com brasa, mas quando aparece o incenso, algo que não é comum em nossos cultos tradicionais, leva-nos a elastificarmos os nossos sentidos ao ponto de entendermos como pedido de intersecção, bênção do Espírito Santo (também os santos antepassados) e o poder da graça divina que vai favorecer, conceder ao eleito o dom sacerdotal. Neste acto os Santos da Igreja e os santos antepassados unem-se com a mesma causa de intercederem juntos de Deus Pai ao ordenado.

UNÇÃO DAS MÃOS E ENTREGA DO PÃO E VINHO
Aqui terminada a oração sacerdotal o ordenado é revestido da estola e da casula e ficando de joelhos diante do Bispo é ungido as mãos. O ordenado antes de lavar as mãos e receber o pão na patena e o cálice, contendo vinho e água; mostra as mãos ungidas ao povo de Deus passeando pelo corredor central da Catedral!
Esta adaptação seria para mostrar de perto, as mãos ungidas aos que estão longe? Ou faz parte da inculturação na qual o bom filho depois de iniciado não diz nada aos pais? Com a ultima hipótese pode se encaixar porque depois da iniciação do filho quem confirma de que o jovem foi de facto iniciado não é o pai mas sim o tio (irmão do pai se for pater linear) e esta confirmação faz-se na casa do próprio tio, isto é, o jovem vai conversar com o tio em sua própria casa. Daí que o ordenado é enviado pelo bispo (pai) ao encontro dos fiéis (tio) e estes por sua vez confirmam de que o seu filho entregou-se ao Senhor e agora é propriedade de Deus.
Portanto o ordenado mostra as mãos ungidas ao povo de Deus como marca de lhes dizer de que estou sinalizado, sou de facto escolhido por  Deus para me dedicar exclusivamente ao seu serviço, doravante as mãos têm um tratamento e dever especial que é de abençoar, ungir o povo de Deus e são mãos santas sem imundície. Agora têm a função não só de santificar o homem mas também de confirma-lo e ser a porta que leva a conhecer Cristo Jo21,15-18.
Contudo, tendo em conta que na celebração litúrgica nem todas pessoas que a participam são desta paroquia, ou sabem tudo o que vai se fazer seria melhor que o comentador ou celebrante dissesse o significado de cada gesto ou acto porque pode se correr o risco de alguém que não saiba, não por sua culpa, fique só no exterior do ministério como o revestir da estola presbiteral e a casula sem ter em conta que o ministério é mais explícito por outros sinais com significados teológicos como: a unção das mãos que é “a participação peculiar do presbítero no sacerdócio de Cristo”[1]; entrega do pão e vinho nas mãos que indica “o munus de presidir a eucaristia à celebração da eucaristia e de seguir a Cristo crucificado”[2] e o osculo da paz “o Bispo como quem põem a marca da aceitação do seu novo cooperador no ministério, e os presbíteros saúdam o ordenado em sinal do ministério comum na sua ordem”[3].

OUTRAS ADAPTAÇÕES NA LINHA DA INCULTURAÇÃO
Criar outras possíveis adaptações na linha da inculturação passa primeiramente pela solidificação conceptual e objectiva daquilo o que já vemos fazendo como cobrir mucume, as mães dançarinas em redor com incenso, dirigir-se a assembleia e mostrar as mãos ungidas. É só na base do passado ou presente que podemos dar um trampolim de melhoria e acréscimo à aquilo o que temos vindo a fazer. Daí que não se pode dar passo asseguir sem nos sustentar daquilo o que fazemos hoje.
Para tal somos da opinião que se informe o significado do que hoje fazemos e procuremos na medida do possível universalizar pesa embora tenhamos muitas culturas, em Moçambique muitos aspectos de culturas podem não ser iguais mas são semelhantes principalmente quando se dá significado às coisas. Portanto para ordenação na linha da inculturação, achamos por bem que se saiba e se consencialize o que vivemos e celebramos hoje depois podemos criar as outras possíveis adaptações que convirem fazer.


[1] Pontifical Romano Ordenação do Bispo, dos Presbíteros e Diáconos nº113.
[2] Idem nº71.
[3] Idem nº72.

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