quarta-feira, 18 de maio de 2011

VIDA E OBRA DE SÃO CIPRIANO DE CARTAGO

No século III, Cartago tornou-se um grande centro do cristianismo. Assiste-se uma igreja em expansão que exige um grande esforço de organização. É um período que muitos se converteram ao cristianismo e aumentando, assim, o número dos cristãos. Ainda neste período surgem muitas heresias e os bispos são perseguidos, sem no entanto, deixarem de defender a sua fé e a dos seus fiéis, facto que lhes valeu o martírio.
Foi neste ambiente que nasceu Thascius Cecilius Ciprianus, descendente de uma família muito rica e pagã, no inicio do século III, entre os anos 200-210. Seguiu o curso normal dos estudos, como ouros jovens da sua época, tornando-se retórico e advogado. Teve uma vida mundana como ele afirma nas suas confissões a Donato que teve uma juventude pouco casta com amores passageiros. Era casado. Converteu-se ao cristianismo e foi baptizado por Cecilio em Cartago no ano 246. Depois de dois anos, isto é, em 248-249, foi feito bispo da cidade natal[1].
A sua conversão foi tão radical, renunciando os escritos profanos e proibiu a si mesmo a leitura de autores pagãos. Dedica-se mais a leitura da Sagrada Escritura e dos escritos de Tertuliano.
A sua actividade pastoral foi interrompida muito cedo, pela cruel perseguição do imperador Décio em 250, tendo se refugiado numa das cidades vizinhas de Cartago, onde continuou a assistir a sua igreja. Voltou a Cartago depois de um ano. Seus últimos anos de vida foram muito duros pela luta contra os hereges e pela validação do baptismo por eles administrados. Mesmo com a oposição do papa Estêvão que validava estes baptismos, Cipriano continuou firme na sua decisão, sendo apoiado por outros bispos da região.
Dirigiu três sínodos em Cartago entre os anos 255-256, onde discutiam a questão do baptismo efectuado pelos hereges. Num dos sínodos, Cipriano pediu aos bispos que dessem as suas opiniões acerca do assunto dizendo: vamos, cada um por sua vez, declarar nosso sentimento em face deste problema, sem pretender julgar ninguém nem excomungar os que forem de parecer diferente.[2] Enfrentou grandes dificuldades na sua missão pastoral. A sua região foi atingida por uma peste horrível que foi responsabilizada aos cristãos, mas o bispo, para além de encorajar os seus fiéis, ajudou a todos sem distinção de religião, o que aumentou a sua reputação por todos, quer da parte dos cristãos quer da parte dos pagãos.
Na segunda perseguição, a do imperador valeriano de 257, Cipriano fora banido para Curubis, uma pequena cidade, onde permaneceu durante um ano, continuando a velar pela sua igreja. Ainda dentro da perseguição, Cipriano é chamado à Cartago e ele não recusa, mesmo sabendo que seria morto, vai dizendo: convém que um bispo confesse o Senhor na cidade de sua igreja, e deixe a seu povo a lembrança da sua confissão.[3] Morreu decapitado, a 14 de Setembro de 258. Neste dia, os cristãos tinham estendido sob a sua cabeça paninhos brancos para depois guardarem, molhados no seu sangue, como preciosas relíquias[4]. Muito cedo começou a ser venerado por toda igreja africana. É considerado, por muitos séculos, patrono de Africa. Em Cartago dedicaram-lhe muitas basílicas. E pouco depois da sua morte foi confundido com um tal feiticeiro mágico chamado Cipriano.
É autor de um belo tratado sobre a Unidade da Igreja Católica e Da inutilidade dos Ídolos. Deixou 65 cartas por ele escritas e ainda um escrito sobre A Oração do Senhor[5]. Seus escritos foram muito lidos na antiguidade e na Idade Média[6] e eram de carácter pastoral.
Sua influência literária foi grande no oriente e no ocidente[7]. É um dos escritores eclesiásticos latinos mais influente, depois de Santo Agostinho. Uma das suas frases mais citada e mais usada é: ninguém pode ter a Deus como Pai, se não tiver a Igreja por mãe[8]. A sua grandeza reside na profundidade da sua psicologia. Foi o bispo mais respeitado do seu século, pela moderação, simpatia, urbanidade, humildade e habilidade de trabalhar e se lidar com os homens.
Cipriano passou para a história não apenas como santo, mas também como bom orador[9].


[1] B. Altaner – A. Stuiber, Patrologia; Edições Paulinas, São Paulo, 19882, p.179
[2]A. Hamman, Os padres da Igreja, Edições Paulinas, São Paulo, 19893, p.69-70
[3] Idem, p.73.
[4] Mario Sgarbossa - Luigi Giovannini Um santo para cada dia, Edições Paulinas, São Paulo, 19836, p.296
[5] Dicionário Enciclopédico das Religiões, Vol.I, vozes, Petrópolis, 1995, p. 591
[6] B. Altaner – A. Stuiber, Patrologia, Edições Paulinas, São Paulo, 19882, p.180
[7] A. Hamman, Os padres da Igreja, Edições Paulinas, São Paulo, 19893, p.72
[8] Ibdem
[9] www. Wikipedia.org/wiki/spiced. 19/03/2010. 18:15

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